11 - Misericórdia, a Melhor Ação

Os Evangelhos dão mais importância à misericórdia que ofertas entregues à Igreja.

O Novo Testamento não enfatiza os dízimos, não enfatiza que se deve dar ofertas para Igrejas, mesmo sabendo nós que tudo isso é louvável e necessário. No entanto são dezenas de textos, em praticamente todos os livros do Novo Testamento que ensinam enfaticamente a misericórdia para com os necessitados.

A palavra grega Eleo, misericórdia, em nossa língua, aparece 27 vezes no NT, muitas vezes se referindo à misericórdia de Deus por nós e outras vezes a nossa pelos semelhantes.
Mt 9:13 - "Misericórdia quero, e não holocaustos".
Mt 23:23 - " Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé."
Jd 2- "A misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados".
(Ainda Mt 12:7; Lc 1:50,54,58,72,78; 10:37; Rm 9:23; 11:31; 15:9; Gl 6:16; Ef 2:4; I Tm 1:2; II Tm 1:2, 16,18; Tt 3:5; Hbb 4:16; Tg 2:13; 3:17; I Pe 1:3; II Jo 3; Jd 21).

Originada da palavra grega eleos encontramos depois, no NT, o termo eleëmosunë, traduzida normalmente por "esmola", que poderia ser entendida como "exercer misericórdia". Interessante que não é dito de alguém que entregasse 10% e fosse louvado pelo Senhor. Mas a viúva pobre entregou não apenas 10%, mas TUDO e foi louvada. Também encontramos Cornélio, em Atos, ouvindo de Deus que seus atos de misericórdia chegaram até os céus (suas esmolas). A palavra usada é a citada acima e aparece 13 vezes no NT.

A palavra döron - traduzida por oferta ou dom - aparece 19 vezes no NT e é usada para designar tanto as ofertas (sacrifícios) levadas perante o altar (Mt 5:23; Hbb 5:1), quanto ofertas exigidas por lei quando alguém se purificava, etc (Mt 8:4), ou ainda ofertas (dinheiro ou outros valores) depositados na "arca do tesouro", isto é, o gasofilácio, que existia no Templo, em Jerusalém (Lc 21:11-4).

Aprendamos mais com a Palavra de Deus:


Lucas 8:3 "E Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais (a Jesus) lhe prestavam assistência com os seus bens". Jesus era mantido por ofertas e com toda certeza "seus bens" são muito mais que simples dízimos!!

Atos 9:36 "Havia em Jope uma discípula, por nome Tabita, nome este que traduzido quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia". Não diz que era notável pelos dízimos que entregava, mas ela entregava sim: Muitíssimo mais que os dízimos!!

Atos 11:29 "Os discípulos (de Antioquia), cada um conforme as suas posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia".

Atos 20: 34,35 "Vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim é mister socorrer aos necessitados, e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem aventurado é dar que receber".

É claro que, se Paulo não ajudasse aos outros com pelo menos dez por cento de sua renda, estaria em pecado. Mas ele fazia mais que isso, muito mais. Esse texto falou muito a mim no que diz respeito ao esforço. Devemos nos esforçar para que não sejamos pesados aos outros, ao contrário, que ajudemos aos necessitados. é interessante como Paulo mesmo admoesta os efésios mostrando a grande reviravolta que acontecia com convertido: Antes furtava. Agora trabalha para ajudar aos necessitados ( Ef 4:28). O apóstolo ensinou muito mais como veremos adiante.

I Co16:2 - " Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às Igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que não se façam coletas quando eu for".

Sim, a Igreja pós Jerusalém teve seus momentos de baixa espiritual também.

"Quanto à coleta para os santos" - Os irmãos de Corinto, assim como os da Galácia, estavam sendo despertados para ajudarem aos irmãos de outros lugares onde calamidades aconteciam. Trata-se de coletas para os santos. não de coletas para as paredes santas, nem para os mármores santos, mas para os santos!!
Na Igreja apostólica é provável que construíssem casas para servirem de templo. Os judeus, naquela altura, estavam muito acostumados com a construção de Sinagogas. Seria muito comum arrecadarem ofertas específicas para isso. No entanto economizavam no que podiam, pois os membros mais ricos faziam questão de arranjarem lugar em suas casas para que as Igrejas funcionassem. Quando se falam em recolher donativos no Novo Testamento, sempre está se pensando no "santo" e não no Templo, que se tornou secundário, totalmente sem prioridade.

"fazei vós também como ordenei às Igrejas da Galácia": Foi dada uma ordem apostólica. Não dá ênfase, a Palavra, em regras difíceis sobre o dízimo, mas aqui está uma ordem apostólica. Se temos de nos basear em algo, baseemo-nos no que existe de fato nas Escrituras, e não nas suposições!! Que ordem era essa? Podemos interpretar, à luz dos princípios do Evangelho que não se tratava de um imposição. Mas como os irmãos estavam desejosos de ajudar, o apóstolo resolve ordenar os fatos. Mesmo se houve uma certa imposição apostólica é claro que cada um iria agir de acordo com sua consciência.

"No primeiro dia da semana" - O dia em que a Igreja se reunia, o dia do Senhor. Após trabalhar nos outros dias, uma vez por semana retiravam a oferta para juntar-la ao que havia sido retirado na semana passada.

"Cada um de vós ponha de parte, em casa" - Não era para levar ao culto esta oferta, a não ser no dia em que fosse levada ao apóstolo para tomar o rumo dos destinatários. Aqui aprendemos algumas lições que ratificam mais ainda o "espírito" do Evangelho:
1- Esta parte da oferta de que o crente faria a Deus tinha destino fora da Igreja. Talvez fosse bom guardar em casa por não ter a Igreja Local uma tesouraria que fizesse um controle bem feito. Também poderia haver a tentação de gastar para outra necessidade.
2- Ele frisa bem, "em casa". Paulo demonstra satisfação e tranqüilidade ao deixar o próprio crente incubido de guardar o dinheiro. Deve ter sido um bom exercício, já que nem sempre conseguimos guardar quantias específicas.
3- Como vemos, no estudo do Antigo Testamento, na própria cidade, o ofertante poderia tomar do dízimo guardado "em casa" e ofertar ao levita, ao viajante, ao órfão e à viúva. Pode ser que estes membros levavam uma parte das ofertas para o local do culto, suprindo as necessidades de outros membros. Mas seria razoável e totalmente compreensível que distribuíssem ofertas de acordo com o aparecimento dos necessitados diante de si e que, ainda e principalmente, fosse entregue diretamente e ede forma escolhida pelo ofertante aos presbíteros que se afadigavam na Palavra, merecedores de "redobrados honorários", aos apóstolos que por lá passavam, etc. Assim sendo é muito fácil de concluir que existiam, em cada lar, uma santa caixinha contendo ofertas dedicadas a assuntos e destinatários os mais diferentes!! Posso imaginar um irmão colocando em um envelope de couro a oferta e escrevendo com uma tinta própria: "Para os irmãos de tal Igreja". Depois pegando algumas moedas, colocando em outro envelope e escrevendo: "Para o Ap. Paulo". Depois ainda colocando o restante em outro e onde já estava escrito há muito tempo: para as "misericórdias"de nossa comunidade.

"Conforme a sua prosperidade" - Porque o medo de falar que isso é dízimo? Existe um tipo de erro que fazem os que cobram os dízimos e ofertas na Igreja: Quando se trata de oferta para os santos, dizem ser "ofertas especiais", coletas secundárias. Quando se trata de dinheiro que entra na tesouraria para construção, e outras, chamam de dízimo. Mas a Palavra mostra exatamente o contrário: Aqui, esta coleta, é o equivalente do Novo Testamento àquela parte do dízimo destinada aos irmãos necessitados. E a oferta para a construção tem seu equivalente nas "ofertas voluntárias" retiradas por Moisés, Davi, Ezequias de Neemias, por exemplo. Aqui está, indubitavelmente, o mesmo princípio do dízimo. Dízimo é 10%, isto é, porcentagem. A oferta dizimal é dada de acordo com a prosperidade. Se ganha cem, dá dez; se ganha mil, dá cem! Mas no Novo Testamento, mesmo que para nós os 10% seja o mínimo sugerido, sabemos que muitos irmãos poderão exercitar sua fé em entregar uma porcentagem de 20%, ou 30%, e que outros até mesmo poderão ter a fé ainda fraca ao ponto de exercitarem apenas com 1%!! O crente cheio do Espírito sempre fará mais, pois é Deus quem o dirige!! Se o faz de coração, quem poderá reprová-lo? E deixemos de ser fiscais procurando quem é e quem não é dizimista. Deus a tudo vê e sabe os desígnios do coração. Também rasguemos as listas de dizimistas das paredes dos templos: somente servem para a vaidade de muitos e humilhação de outros. E ainda, julgamento de curiosos!

"E vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for" - Agora, o apóstolo dá a dica: de acordo com a prosperidade fica fácil de juntar e de ter em mente um método a seguir. é muito mais fácil usar o método da porcentagem que se baseia na prosperidade pessoal.

Também o apóstolo não era daqueles que chegam retirando ofertas e "espremendo" para ver quem dá mais. Não queria alardes. Quanto às ofertas combinadas para serem levadas tal dia para os santos de tal cidade, vão ajuntando aí, sem muito alarde, cada qual no seu cantinho. Quando for chegado o dia todos trazem e enviam sem demora através de portadores idôneos.

Oferta para os necessitados e para sustento dos que ministram ao Senhor

Em todos os estudos que temos feito, passando por todo o N. T., fica absolutamente claro, nesta dispensação da Graça, sobre os fundamentos das Boas Novas trazidas para nós, o Evangelho de Cristo, que Deus de maneira alguma está dando qualquer ênfase em ofertas para construir prédios ou sustentar organizações, mas em prover o sustento para seus "levitas", enviar missionários para outras terras, sustentar a viúva e o órfão, ajudar os necessitados da Igreja e, se possível, os de fora dela. O próprio apóstolo Paulo também recebeu ofertas para seu sustento:

Fp 4:14-16 "Todavia, fizeste bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó filipenses, que no início do Evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma Igreja se associou comigo, no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades".

Ofertas aos obreiros substituindo os sacrifícios pacíficos e voluntários do Antigo Testamento.

Paulo continua a falar aos filipenses, agradecendo a oferta enviada a ele e diz ainda:
"Recebi tudo, e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte, como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus" (Fp 4:18).

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