9 - Aplicando os princípios sob o Evangelho da Graça. Segunda Parte

É exigido mais, porém nos é dado muito mais também!

Dando mais ênfase neste assunto, repitamos: uma característica importante na dispensação da graça é que nos é exigido muito, mas nos é dado muito também. Na verdade Deus mesmo é quem cumpriu em Cristo e cumpre a lei por nós, é quem está vivendo em nós, literalmente: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gl 2:20)". Quando o fruto do viver de Cristo em nós, o fruto do Espírito Santo está plenamente revelado em nós, aí há o cumprimento de toda a vontade de Deus : "Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22,23)."

Baseados no que estamos vendo nos Evangelhos, então a conclusão é que Deus espera realizar através de nós infinitamente mais do que os judeus realizavam em cumprimento da letra da lei!! Os princípios de subsistência da Igreja e de seus auxiliares são os mesmos, pois o Antigo Testamento não foi revogado e tanto Cristo como os Apóstolos nunca disseram que não valiam os preceitos antigos, ao contrário, os citava normalmente, sem preocupação. É claro que a lei cerimonial, no que já foi cumprido, não está em vigor na letra da lei, mas sempre há o resultado dela, aquilo que simbolizava ou mostrava ou o princípio dela em atividade. Por exemplo: não se oferecem mais cordeiros em holocaustos, porque era sombra do sacrifício de Cristo. Ora se o superior já está em evidência o inferior que o substituía provisoriamente deixa de existir. Mas não deixa de existir o efeito que está por trás do princípio: o sacrifício de Cristo é eficaz o tempo todo e sempre será, por toda a eternidade. Quando chegamos diante do trono de Deus, nos baseamos no sacrifício que é presente e atual em seu significado. Quando estamos diante do trono, não existindo na terra mais o altar, pois não existem mais holocaustos, assim mesmo o nosso coração é um altar oonde se oferecem os sacrifícios de louvor, o culto racional, que não serve para a salvação de ninguém, nem para que se perdoe pecados, mas é aquela parte da festa onde o ofertante oferecia o aroma suave a Deus, o sacerdote se alimentava e alegra e o ofertante também, tudo sendo uma santa e maravilhosa festa. Nossa vida hoje é uma festa contínua na presença de Deus. Nossas orações são o incenso e nosso louvor sacrifícios que sobem a Deus como gratidão!!

Se os princípios da subsistência não foram mudados, como então aplicá-los de forma tão rica e abundante como exige o Evangelho da Graça?


Mt 5:38-42 - "Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes".

Jesus mostra com mais clareza os princípios onde se baseiam o Evangelho: a justiça, a fé, a paz e a misericórdia andam juntos:

"Vós fariseus limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade. Insensatos, quem fez o exterior não é o mesmo que fez o interior? Antes dai esmola do que tiverdes e tudo vos será limpo. Mas, ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Deveis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas" (Lc 11:39-42). Em Mt 23:23 lemos em outras palavras: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas. Guias cegos! que coais o mosquito e engolis o camelo.

Na vivência do Evangelho é bom não escandalizar os pequenos na fé. Se for necessário fazer um esforço que não se sente obrigado pela consciência, assim mesmo pode fazer baseado na fé, porque Deus providenciará os meios milagrosamente, se for necessário. Se te pedirem o paletó, dê até a camisa! Depois ganhamos 10 camisas de Deus!!

Eu tenho acreditado firmemente que a vivência do Evangelho, em princípio, nos leva a ficar sem "poupança", pelo menos nos dias em que os necessitados nos busquem diretamente. Se nos pedem do pouco que temos, dividimos e depois Deus acrescenta mais. É vida de fé. Vamos percebendo claramente que Jesus não espera de nós somente os dez por cento. ele espera que estejamos sempre dipostos a entregar tudo que temos, se necessário.

É muito fácil, para os ricos, cumprirem com os dez por cento do dízimo do Antigo Testamento, Este dízimo vai estar sempre sobrando. Mas não é tão fácil assim para o pobre que recebeu apenas o necessário e não sobraria nada. Assim mesmo, pela fé esse "pobre" (que é rico da graça) divide, dá muito mais que dez por cento e Deus então faz o pouco que tem se transformar em muito, à semelhança do azeite da viúva. Fazer o esforço que o pobre faz é difícil para o rico. Vamos trocar em miúdos:

O texto diz: dá a quem te pede. Imaginemos um pobre morando num bairro pobre. Ele tem apenas dez reais no bolso. Mora em casa de aluguel e tem poucos víveres em casa. Aí chega alguém e pede emprestados dez reais. O "pobre", pela fé, dá aqueles dez que tem e fica sem nada!!
Agora, imaginemos o rico. Está lá em sua fazenda. Tem uma poupança de dez milhões no banco, uma plantação de cem mil pés de café, e dois mil reais no bolso, além do talão de cheques. Passa um empregado e pede emprestados dez reais. O rico enfia a mão no bolso, manda trocar uma nota de cem e, depois, entrega os dez reais. Quem fez mais esforço?

Agora vamos para o momento de entregar o dízimo. Lá está o "pobre" em sua casa. Recebeu o salário de duzentos e cinqüenta reais. Tem de pagar cento e cinqüenta de aluguel e cinqüenta de água e luz. O restante não dá para comer o mês inteiro. Não poderá comprar remédios nem roupas. Toma os dez por cento, vinte e cinco reais e leva para a Igreja. Mas ele sabe que Deus fez promessas e é fiel. Ele sabe que Deus curará as doenças que chegarem, que enviará roupas de onde nem imagina e poderá fazer muito mais. Agora, lá está o rico. Colheu dez milhões de reais em café. Separou um milhão e levou para a igreja ou distribuiu aos "levitas" (missionários). Quem fez maior esforço?

Agora, quer ver como a coisa fica feia mesmo? Vamos em frente em nosso raciocínio. Todo mês o rico se encontra com o "pobre" na porta da Igreja. Sabe de todas as necessidades dele, dos problemas enfrentados com aluguel de casa e tantas coisas mais. Porém apenas cumprimenta. Um dia chega um irmão que fora rico também e já ajudara muito o nosso rico aqui e agora está quebrado, devendo muito. Está para entregar o último bem que restou, sua casa onde mora com a família. Chega para o rico e pede emprestados cem mil reais para pagar aquela dívida e assim poder ficar com sua casa. O rico fazendeiro tem dez milhões somente na poupança, lembra? Mas cem mil é muito dinheiro para ele. Não empresta!!

Algum tempo depois este fazendeiro torna-se o tesoureiro da Igreja. Então descobre que o "pobre" de nossa história ficou dois meses sem entregar o dízimo. Vai ter com ele e conversa.
-Meu irmão, você está sendo infiel. Não entregou o dízimo. Olha, eu sou fiel desde minha mocidade!! Nunca deixei de entregar o dízimo, por isso é que Deus me abençoa!! Não vê você? Está aí pobre a vida toda. Também assim Deus nunca poderá abrir as janelas da bênção. Vê se toma jeito!!

O irmão "pobre" vai para casa arrasado. Será porque aquele rico consegue ser tão fiel e ele não?? E vive nesta mentira o tempo todo. Na verdade o rico apenas era mais um fariseu dos que existem hoje em dia! Cuidado, não sejamos assim. Em Lc 21:1-4 encontramos uma história parecida: Da viúva pobre. Só que Jesus esclareceu aos discípulos e mostrou que ela deu muito mais que todos! E isso serve de consolo a todos que estiverem em situação de ser desprezado pelos homens, pelos relatórios afixados nas paredes dos templos, etc: Jesus conhece a verdade e isso basta!
E se o rico resolvesse fazer um esforço como o pobre tem feito? Teria que dar toda a sua poupança, toda sua fazenda, tudo que tem, para sentir o que o pobre sentiu!! Jesus é enfático neste ponto:

"Dai e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também"( 6:38). "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração". Mt 6:19-21.

Será que não podemos ser ricos? Deus quer que nos esforcemos para juntar riquezas espirituais. E que nos esforcemos para ganhar o nosso pão de cada dia. Não é para colocar como objetivo o juntar riquezas. Se elas vierem, são de Deus, estarão sendo cuidadas por você. Deus então dirá: Entregue tanto para minha obra, você entrega. Dê tanto àquele pobre, você dá. Compre a casa para aquela viúva, e você compra. Ajude a fundar aquela missão, e você ajuda. Compre um carro novo para você!! Posso? Sim, compre. E você compra!! Assim o tesouro seu não é o da terra, mas o do Céu!! Para amadurecer mais neste princípio estude a parábola das dez minas em Lc 19:11-27.

O moço rico pensava que cumpria todos os dez mandamentos, mas deixava de cumprir o primeiro!! Era idólatra! Seu deus era o dinheiro e seu tesouro estava na terra. Jesus então deu a ele a receita para acabar com o problema: " Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro nos céu; depois, vem, e segue-me" (Mt 19:21). Mas houve alguém que passou no teste: Zaqueu!! Você conhece sua história. Também o bom samaritano da parábola viveu o princípio correto ensinado por Jesus (Lc 10:34,35).

João Batista, em sua pregação preparando o povo para a vinda do Messias já ensinava o que Cristo ensinaria: "Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo " (Lc 3:11).

Mas para isso ser feito e vivenciado na prática é necessário : "Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22,23)." Que geram bom senso, sabedoria e altruísmo. Jogam fora o egoísmo: "Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e foste ver-me" ( Mt 25:35).

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