8 - Aplicando os princípios sob o Evangelho da Graça. Primeira Parte

Os princípios revelados por Deus são imutáveis e podem ser aplicados em todas as épocas.

Já deu para perceber algo neste trabalho: falo mais de princípios do que de leis em si. Quando se estava na dispensação da lei procurava se cumprir a letra 100% e isto já bastava para os que queriam ficar desculpados. No entanto existia muito mais profundidade no pensamento de Deus quando nos deu as leis. Existiam princípios abrangentes e gerais que subsistiam além da letra. Davi compreendeu bem isso, pois teve fé suficiente para sair da literalidade da lei e comer os pães da proposição e ainda dar aos seus guerreiros; ele não pecou porque conhecia o Deus da lei e não somente a lei!! Davi, e outros que tiveram tal fé e compreensão, estava vivendo previamente o Evangelho da Graça!!

Vivendo no Evangelho da Graça, mas ainda no ambiente da lei: Taxas "per capita" para o templo:

Mt 17:24-27 - "Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas, e perguntaram: Não paga o vosso mestre as duas dracmas? sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus lhe antecipou dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo estão isentos os Filhos. Mas para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e abrindo-lhe a boca acharás um estáter. Toma-o, e entrega-lhes por mim e por ti.

Halley explica qual tipo de imposto era:

"Era qual imposto "per capita", para o santuário, exigido de todo homem maior de vinte anos, Ex 30:11-15. Equivalia a uns 16 cents (moeda americana). Jesus, como Senhor do Santuário, estava isento. No entanto, afim de que sua atitude para com o Templo não fosse mal compreendida, pagou o imposto, recorrendo a um milagre para obter o dinheiro"(Halley, 393).

Leiamos também o que comentou Orlando Boyer: "Quanto à origem desse imposto anual, vede Ex 30:13; II Cr 24:6-9. É claro que não foi um imposto civil, mas apenas um tributo voluntário para prover as despesas do templo. Note-se, como de costume, não havia dinheiro na bolsa de Jesus e os doze. Se Cristo, na Sua Onipotência, colocou a moeda na boca do peixe, ouse, na Sua Onisciência, sabia que o dinheiro estava aí, o milagre é igualmente grande. O ponto principal da lição é: Jesus, porque é o Filho de Deus, não precisava de pagar o imposto usado para sustentar os cultos na Casa de Deus, vs 25,26. Jesus concordou em pagar o tributo somente como uma concessão real (v. 27), acentuando isso por meio do milagre (Boyer, 185)".


O Evangelho da Graça é muito mais difícil de ser cumprido!

Agora, o melhor de tudo é que o Evangelho da Graça já foi dado. Estamos em sua época e houve uma mudança de compreensão das leis de Deus. Na verdade o Evangelho exige um milhão de vezes mais, é mais duro e mais difícil de ser vivido, ao contrário do que pregam por aí os profetas da prosperidade.


O Evangelho da Graça é puro poder!

O segredo, porém, está no fato de ter sido dado também mais poder ao servo de Deus para viver este Evangelho. Este poder foi dado muito diferentemente e muito mais ricamente que o era na antiga dispensação. Foi-nos revelado o mistério do Evangelho. O Segredo da Vida vitoriosa e assim Deus poderia levar sua Igreja a fazer infinitamente mais do que fazia o Israel de Deus. Vou explicar melhor:

Primeiramente, como o Evangelho é mais difícil do que a dispensação da lei? Na verdade se era impossível ao homem cumprir os dez mandamentos, mesmo em sua letra não abrangente, como ficou mais impossível ainda cumprir o Evangelho por nossas próprias forças!! A solução está no Segredo de Deus a nós com a revelação do Evangelho da Graça!!

Jesus não revogou a lei de "dente por dente"e olho por olho". Na verdade essa lei somente deveria ser cumprida após o julgamento necessário. Mas para haver julgamento seria necessário também acusação. Aí Jesus mostra que Deus, na verdade espera do acusador o perdão: quando fosse ferido numa face, oferecesse a outra! O soldado romano podia, por lei, obrigar um cidadão a andar uma milha carregando seus pertences. Jesus falou que se o cristão fosse obrigado a andar uma milha, fosse duas! Também ensinou que era mais proveitoso orar pelos inimigos que acusá-los ou buscar vingança.

Mt 2:11 - " Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra".

É interessante como as primeiras ofertas citadas no N.T. foram entregues a Jesus. No ambiente do Evangelho da Graça aparece o menino Jesus. Primeiramente não encontra lugar para nascer, depois é descoberto como o mais pobre das pobres crianças nascidas por ali, pois nem em casa estava. Os pastores, também pobres no geral, oferecem a adoração ao Rei e depois de algum tempo os magos do oriente também se oferecem ao Rei, buscando-o, gastando tempo para achá-lo e mostrando claramente que lhe ofertavam o coração. Ao chegarem na presença de Cristo praticam um ato simbólico, pois a verdadeira oferta estava em suas vidas (o princípio de sacrifício vivo vai sendo introduzido) e neste ato simbólico dão o melhor de seus tesouros.

Mt 5:23 - "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta".

Há muitos que pensam tratar-se aqui de dinheiro. Pode ser aplicado ao dinheiro, mas o texto aqui se refere à pessoa que chegou com a ovelhinha para ser ofertada e sacrificada no altar do templo. Jesus ensina aqui que o simples fato de nos achegarmos à presença a Deus, oferecendo o nosso culto a Ele, requer que estejamos em paz com todos. Devemos "levantar mãos santas, sem animosidade". As ofertas em dinheiro, mesmo o dízimo, não fogem à regra do princípio aqui ensinado: Nossa vida e nossa oferta deve ser fruto do amor.

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